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Como interpretar os Mosaicos de Imagens do Satélite Landsat
As imagens Landsat-TM, na
composição das bandas 5, 4 e 3 respectivamente,
apresentam uma semelhança bastante grande com
as cores verdadeiras da paisagem ou com os resultados
de uma fotografia colorida. Entretanto, para alguém
não especializado no uso de imagens de
satélite, pode ser difícil a
identificação de determinados alvos ou
áreas de interesse. Para ajudar na
interpretação e no uso dos mosaicos de
imagens realizados pela Embrapa apresentam-se, a seguir,
alguns padrões de cores, texturas e formas.
As florestas
tropicais densas aparecem com diferentes tonalidades de
verde (desde o verde escuro até tons mais
amarelados), apresentando padrões texturais
lisos ou rugosos, dependendo da uniformidade do
dossel. É o padrão que domina nos
mosaicos do Amazonas,
Pará e no
norte do Mato Grosso, bem
como em remanescentes florestais na região do
Bico do Papagaio no Tocantins,
no noroeste do Maranhão
e na Região Sul da Bahia.
Os reflorestamentos
apresentam padrões de cor mais escuros e
textura mais lisa do que as áreas de florestas
naturais, devido sua composição
florística e seu dossel extremamente uniformes
e contínuos, como nos casos existentes no
Amapá,
Maranhão e Tocantins; Plantações de
café e citricultura também apresentam
um padrão assemelhado, mas são pouco
expressivas na região imageada.
Tipos de florestas:
diferentes tonalidades de verde também podem
indicar mudanças na composição
florística e estrutural em áreas
inalteradas (florestas densas,
florestas inundáveis
e tabocais), como pode ser
observado no oeste (florestas com bambús,
próximas a Boca do Acre) e norte do Amazonas
florestas com palmeiras, matas de cipó
etc. na região da Cabeça
do Cachorro, norte do Pará e em quase todo o estado do
Maranhão (transições entre
florestas densas e caducifólias,
transições para
cerradão e caatinga).
Remanescentes florestais
podem aparecer como "ilhas verdes" (parques,
áreas indígenas) em áreas
parcialmente ou bastante degradadas como na
região bragantina no
Pará, na região central do
Estado do Tocantins, ao longo da
Transamazônica,
no Oeste do Maranhão,
no Parque Nacional do Araripe,
ou na Serra Negra em Pernambuco,
por exemplo.
No caso das florestas e
formações inundáveis, as
tonalidades podem ser bastante escuras, em
função da presença de grande
quantidade de água como na
região do
Pantanal no sul do Mato Grosso, por exemplo, tem
um padrão bem típico desses casos,
mas diferenciado dos campos
inundáveis de Roraima. O mesmo observa-se
nos campos abertos de várzea ao longo do
rio Demene no Estado do Amazonas
e na ilha do Marajó,
marcados por tonalidades avermelhadas e marrom.
Áreas desmatadas,
solos preparados para o plantio e culturas em
estágio precoce de desenvolvimento apresentam
tonalidades rosa e avermelhadas e formas
geométricas muito regulares, como ao longo das
rodovias BR-364 em Rondônia,
Cuiabá-Santarém
ou ainda na Chapada dos Parecis
no Mato Grosso, no vale do
Tocantins e no Oeste da Bahia.
Solo nu: Na ausência
de verde (de vegetação), a natureza do
substrato também contribui na cor, como na
região leste do Tocantins a área do
Jalapão. Ali
as areias quartzosas e arenitos marcam a imagem
com tonalidades cinzas e brancas. Padrões
idênticos ocorrem em ilhas fluviais,
paleodunas e paleodeltas interiores,
como na região do rio
Demene no Amazonas. O mesmo ocorre em áreas
de mineração, como
Carajás, no
Pará. No Rio Grande do Norte as áreas de solo nu,
em substrato cristalino, aparecem em diferentes tonalidades de rosa.
Cerrados, campo cerrado e
cerradão: Essa unidade apresenta um
padrão textural com menos rugosidade do que
as áreas florestais, principalmente nos campos
cerrados. Boa parte do ano apresenta-se marcadamente
com uma tonalidade rósea a avermelhada. Emerge
nitidamente no norte do Pará
na região de Tiriós, no sul do
Amazonas na região de
Humaitá, no oeste do
Estado de Mato Grosso, na
região central do
Maranhão
e principalmente em grande parte do estado do Tocantins e Piauí.
Tende a se confundir com pastagens. A
intensificação do uso pecuário
dos cerrados, dificulta separar
o que na origem era um cerrado e hoje apresenta-se
como campo cerrado etc. Em geral, são áreas
amplamente ocupadas com atividades agro-silvo-pastoris,
como nas áreas de campos
e lavrados de Roraima.
Culturas intensificadas,
áreas irrigadas e pastagens de alta
produtividade aparecem com uma tonalidade verde
claro, bem luminoso, indicador de uma grande atividade
fotossintética. Nesses casos, a forma e a
regularidade dos polígonos é um bom
indicativo do tipo de cobertura, como no caso do
projeto de
irrigação do rio Formoso no Tocantins
ou os círculos delimitados pelos pivôs
de irrigação no Estado do Tocantins,
Estado do Mato Grosso,
Estado do Maranhão,
Estado da Bahia e Estado
de Pernambuco, por exemplo.
Grandes
culturas mecanizadas e áreas desmatadas
apresentam padrões lineares e formas
geométricas bem definidas,
contrastantes com seu entorno, como no caso dos
plantios de soja e algodão na Chapada dos
Parecis ou da colonização
agrícola em Alta Floresta no norte do
Mato Grosso e ainda nas grandes áreas
de pecuária no sudeste do
Pará e leste do Mato Grosso. O mesmo
ocorre com a soja, na região de
Balsas no Maranhão.
Afloramentos rochosos
(arenitos na Serra do Aracá)
e pães de açúcar do norte do Amazonas,
por exemplo e áreas de cobertura vegetal com
marcada influência da sazonalidade (cerrados e
região semi-árida),
também apresentam padrões
avermelhados nas estações secas, como
nos limites do Maranhão
com o Piauí, Sertão do Ceará e da Paraíba.
A forma é um bom parâmetro para
decisão entre estas classes e as do item
anterior, além dos critérios de
contexto.
Mangues e ecossistemas
costeiros: uma tonalidade verde escuro, bastante
acentuada, marca a vegetação dos
manguezais, facilmente identificáveis na
zona costeira do Pará,
Amapá e Bahia. Outros
ecossistemas apresentam padrões análogos
aos do solo nu (tonalidades róseas e brancas):
restingas e áreas de avanço
e recuo das marés (como no
golfão maranhense
e na ilha de Marajó) ou
dunas de areia (Lençóis
Maranhenses, Delta do Parnaíba, Piauí, Ceará e Alagoas).
Cidades e aglomerações
urbanas também aparecem em rosa e avermelhadas.
Em geral é possível identificar
(dependendo da escala)
a rugosidade ou a regularidade dos quarteiros e ruas,
com um alinhamento ortogonal etc., como no
caso de Palmas,
Cuiabá,
Santarém,
Manaus,
Belém,
Natal,
Aracajú,
Porto Velho etc.
Rios, lagos, represas e açudes
(Tucuruí,
Balbina,
Samuel) variam em
tonalidades que vão do preto e azul escuro
(águas claras onde a luz do sol penetra e
não é quase refletida) como no
Tapajós e no
rio Negro até
o azul e azul claro, em função do
aumento de material em suspensão (argilas ou
poluição) como no rio
Solimões. Devido a carga
elétrica diferenciada
essas águas demoram para misturarem-se e
produzem o fenômeno do encontro das águas,
como na formação do rio
Amazonas, à juzante de Manaus. Os açudes aparecem geralmente como pequenos pontos pretos nas imagens, como no caso do sudoeste do Rio Grande do Norte.
Áreas queimadas
aparecem em preto ou em tonalidades muito escuras.
Estão geralmente associadas aos cerrados no
Tocantins,
Maranhão, Piauí, Bahia e região
do Tiriós no Pará
ou a campos abertos de várzeas ou vegetações
análogas como na Ilha
do Bananal. Quando a queimada é
praticada por atividade agrícola sua forma
tende a apresentar um padrão mais regular. Em casos
de queimadas descontroladas e em pastagens extensivas,
manchas apresentam uma forma bastante
variável e irregular (queimadas em áreas
de cerrado são facilmente identificáveis)
como nas enormes superfícies queimadas anualmente
nas áreas indígenas
dos Tiriós (norte do Pará), da
ilha do Bananal no Tocantins
e da Chapada dos Parecis
no Mato Grosso, por exemplo.
Nuvens
aparecem em branco, como pequenos flocos de
algodão. Geralmente, há uma mancha preta
ao lado, correspondendo à sombra da nuvem,
na superfície terrestre (Pernambuco e Bahia).
Nos mosaicos buscou-se ao máximo a
eliminação das nuvens, através
da seleção e composição
das imagens. Quando são mais azuladas,
tratam-se de plumas de
fumaça de queimadas, em geral, próximas
de frentes de fogo ativas.
Estradas são
identificadas, geralmente, por desmatamentos que
ocorrem em seu entorno, gerando uma superfície
alterada de maiores dimensões (rosa ou
avermelhada) e evidenciando seu traçado como
na rodovia
Cuiabá-Santarém, na
rodovia Transamazônica, na
rodovia BR-364 etc.
Salinas: Dependendo do volume de água e da concentração de sais, aparecem em tons azulados contrastando fortemente com o seu entorno, como no caso do Rio Grande do Norte (exemplo 1 e exemplo 2).
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