Metodologia
Apresenta-se a seguir um resumo das três etapas metodológicas consideradas fundamentais e seguidas na execução do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Maranhão.
1. Metodologia de Caracterização da Demanda dos Usuários do ZEE
Quem são e serão os Usuários do ZEE? A equipe buscou definir em curtíssimo prazo os usuários potenciais do sistema e simultaneamente suas necessidades, com vistas a definir as metodologias mais adequadas para atendê-las. Nesse sentido, a equipe respondeu as seguintes questões:
Mesmos se as fronteiras entre esses conceitos se confundem, os usuários do sistema proposto foram divididos em duas categorias principais:
A caracterização da demanda dos usuários primários foi realizada pela equipe responsável por este trabalho, e foi completada graças ao processo de discussão seguindo uma metodologia participativa. Seu prazo de execução incial não excedeu sessenta dias, e a discussão vem sendo completada e enriquecida ao longo do processo de execução do ZEE-MA.
2. Metodologia de Compartimentação Espacial (Zoneamento)
Em trabalho interno, a equipe do ZEE dividiu cada uma das áreas abrangidas do Estado do Maranhão em unidades ambientais hierarquizadas e caracterizadas por uma identidade estrutural e funcional (ecodinâmica e sócio-econômica).
Elas representam situações equiproblemáticas e equipotenciais, em termos de desenvolvimento e preservação. Essa primeira compartimentação do espaço geográfico é baseada na análise das relações existentes entre seus principais componentes: rochas, relevo, solos, topografia, rede de drenagem, clima. O zoneamento exige a mobilização de instrumentos cartográficos e numéricos modernos. Foi estruturado um amplo Sistema de Informações Geográficas (SIG). As cartas são digitalizadas, atualizadas ou geradas, através de mecanismos de execução disponíveis no mercado e integradas à Unidade de Informação e Gestão pela equipe do ZEE. O sensoriamento remoto aerotransportado e orbital é amplamente utilizado ao longo dos trabalhos, tanto sensores óticos (multiespectrais) como os dos satélites LANDSAT, SPOT, ATSR, CBERS e NOAA/AVHRR, como os de microondas (RADARSAT, ERS). Todos esses recursos de geoprocessamento e sensoriamento remoto mobilizáveis para este trabalho foram inventariados e entregues à equipe responsável pelo ZEE do Estado do Maranhão.
Os resultados do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Maranhão, em geral, podem ser consultados a partir de recortes espaciais diferentes:
3. Metodologia de Hierarquização das Unidades Ecológico- Econômicas
O primeiro nível hierárquico do ZEE são os domínios morfoclimáticos ou realidades assemelhadas. Compartimentação física de maior abrangência espacial, eles englobam amplos modelados geomorfológicos, decorrentes de aspectos maiores da geologia, principalmente da geotectônica, a história páleo-geográfica e climática da área e seguem os padrões estabelecidos pelo IBGE e em uso no Maranhão.
O segundo nível hierárquico do ZEE são as regiões ecológicas. Elas constituem compartimentações próprias da paisagem física de um domínio morfoclimático e registram as diferenciações existentes em cada caso, baseadas principalmente no contexto geomorfológico (natureza das rochas e dos mantos superficiais, valores dos declives, dinâmica das vertentes, processos morfogenéticos dominantes etc. Essas regiões ecológicas mapeadas refletem, portanto, o arranjo estrutural do relevo, bem como o seu potencial ecológico (natureza, extensão e padrões dos ecossistemas existentes).
O sistema econômico, salvo exceção, intervém neste nível para caracterizar e qualificar as unidades mapeadas (domínios e regiões), mais do que para fornecer critérios de compartimentação espacial. A contribuição do GEPLAN é importante nesta fase, já que a experiência indica que as disparidades inter e intra regionais e suas relações com os problemas do uso e ocupação das terras e dos recursos naturais serão integradas corretamente no ZEE, na medida em que integrem o estudo das economias regionais, dos mercados de trabalho, da população e da demografia, do crescimento e da dinâmica econômica, através de um vasto leque de indicadores sócio-econômicos e ambientais.
O terceiro nível hierárquico do ZEE são os setores ecológico-econômicos. Eles serão constituídos a partir de uma análise espacial do uso e ocupação das terras, da espacialização dos sistemas e processos econômicos presentes e das compartimentações naturais de cada uma das regiões ecológicas. A experiência indica que os fatores ambientais ainda são bastante dominantes e determinantes neste nível hierárquico. As regiões ecológicas, em sua maioria, acabam sendo delimitadas como o resultado de uma relação dinâmica entre os fatores pedológicos, morfológicos e a vegetação e uso predominante. A disposição dos solos na paisagem, a vegetação natural e a ecodinâmica constituem a espinha dorsal dos setores ecológico-econômicos, onde as características sócio-econômicas tendem a ser equivalentes ou prevalentes sobre as ecológicas.
O quarto nível hierárquico do ZEE são as unidades ecológico-econômicas que completarão a classificação e a compartimentação de cada região. Menor unidade espacial cartografada na escala do trabalho proposto, elas representam áreas homogêneas de cada um dos setores ecológico-econômicos. Todas essas unidades estão articuladas a um banco de dados sócio-econômicos robusto, capaz de assegurar qualificações e monitoramentos crescentes dessas unidades, auxiliando na elaboração e avaliação de projetos, por exemplo.
A análise do sistema sócio-econômico, a nível de setores e unidades ecológico-econômicas, proporciona o conhecimento de quatro temas integradores, passíveis de expressão cartográfica sintética e de contribuir na delimitação desses últimos níveis hierárquicos de compartimentação espacial: a dinâmica espacial do uso das terras, suas relações com a diferenciação espacial do desenvolvimento econômico, a realidade sócio-econômica das sub-unidades do ZEE, dentro de unidades maiores ou abrangentes e a correlação da diferenciação espacial do desenvolvimento econômico e sua dinâmica sócio-econômica, em relação aos problemas atuais de uso e ocupação das terras.